quinta-feira, 24 de junho de 2010

Divergência na linhagem entre Neandertal e Homo Sapiens


Estudo aponta que separação se produziu 500 mil anos antes daquilo que se pensava
Investigadores espanhóis analisaram os dentes de praticamente todas as espécies de hominídeos existentes nos últimos quatro milhões de anos, conseguindo identificar rasgos Neandertais em antigos povos europeus. Os fósseis dentais apontam que a separação se fez há pelo menos um milhão de anos, ou seja, antes dos dados baseados em análises de DNA.
Aida Gómez Robles, durante o seu trabalho de campo
Aida Gómez Robles, durante o seu trabalho de campo
A divergência pode ter-se produzido há menos de um milhão de anos, mais de 500 mil anos antes do que se pensava. Uma tese de doutoramento realizada no Centro Nacional de Investigação sobre a Evolução Humana (CENIEH), associada à Universidade de Granada, analisou dentes de quase todas as espécies de hominídeos dos últimos quatro milhões de anos, utilizando métodos quantitativos.
O objectivo fundamental de Aida Gómez Robles, autora, foi reconstruir a história evolutiva da nossa espécie a partir de informação dentária, procedentes de uma ampla mostra de fósseis de África, Ásia e Europa, valorizando as diferenças morfológicas e cada classe e a capacidade que cada dente, isoladamente, tem de determinar a espécie a que o indivíduo pertenceu.
A investigadora concluiu que é possível identificar correctamente a que espécie pertence cada dente, com uma probabilidade de 60 a 80 por cento. Mesmo que estes valores não sejam muito altos, estes aumentam à medida que se adicionam diferentes classes dentárias; ou seja, se se contar com diferentes tipos de dentes do mesmo indivíduo, a probabilidade de determinar a sua espécie correctamente poderá roçar os 100 por cento.
Investigadora estudou fósseis provenientes de escavações arqueo-paleontológicas
Investigadora estudou fósseis provenientes de escavações arqueo-paleontológicas
Aida Gómez Robles assinalou ainda que, de todas as espécies que se conhecem actualmente,“nenhuma tem uma hipótese superior a cinco por cento de ser ancestral dos Neandertais e dos Homo sapiens e portanto, é possível que o último elo comum entre estas linhagens ainda não se tenha encontrado”.
Simulação por computador
Para realizar o estudo, Robles usou técnicas de simulação por computador para observar o efeito de distintas variações ambientais na evolução. Outras investigações semelhantes analisaram o desenvolvimento de vários grupos mamíferos, mas nunca se tinham aplicado ao âmbito da evolução humana. Usou ainda materiais provenientes de várias escavações arqueo-paleontológicas, como da Gran Dolina, Sima de los Huesos, situados na Serra de Atapuerca (Burgos), em Dmanisi, na República da Geórgia; para além de ter visitado imensas instituições internacionais para estudar colecções fósseis ou actuais – Museu Nacional da Geórgia, Instituto de Paleontologia Humana e o Museu do Homem, em Paris, o Centro Europeu de Investigações de Tautavel (França), Instituto Senckenberg de Frankfurt e o Museu de História Natural de Berlim (Alemanha), entre outras.
Este trabalho é também pioneiro na utilização de fórmulas matemáticas para estimar a correspondência entre determinados descendentes da árvore filogenética da nossa espécie. “Apesar da tese apenas ter analisado a forma dental, a mesma metodologia pode ser empregue em diferentes partes do esqueleto”, acrescentou. Os resultados já foram publicados em diferentes revistas da área, tal como o «Journal of Human Evolution».

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